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    Crónica Corrida de Gala: “Houve alegria...Houve triunfos”


    A “Temporada Histórica” da Praça de Toiros do Campo Pequeno encerrou abono esta quinta-feira com uma corrida em que houve toureio e triunfos para muitos gostos.

    Praça esgotada, uma transmissão televisiva e o sempre adorado cortejo de Gala, foram ingredientes para um grande ambiente e muita alegria no coso alfacinha.

    A alegria foi aliás, tanta, que enquanto se pedia um minuto de silêncio, palmas e conversa fizeram de banda sonora. É que ainda que não se tenha bem percebido por alma de quem se faziam os 60 segundos de respeito, já que o microfone da praça não consentiu, podia o público “entender” o toque habitual neste tipo de situações. Podia mas não entendeu...

    Houve ainda tempo para a entrega do Galardão Prestígio deste ano a três entidades: Associação Nacional dos Toureiros Portugueses, Associação Nacional de Grupos de Forcados e Associação Portuguesa de Criadores de Toiros de Lide.

    E enquanto isso, desesperavam os aficionados em casa, castigados com um atraso na programação. Propositado? Só Deus(dado) sabe...

    Mas porque de festa falamos, a mesma não se poderia fazer sem toiros. E houve-os ao gosto dos ginetes. Um curro da ganadaria Passanha muito bem apresentado, com mobilidade, nobres mas de pouca força e cómodos no geral. Houve um ou outro mais tardo de investida e outros que romperam de livre vontade, por vezes perseguindo a passo cadenciado. Os toiros foram sem dúvida, um dos principais “culpados” para os triunfos da noite.

    Rui Salvador nunca se entendeu com o seu. Um toiro que na brega perseguia a passo, com pouca transmissão, para nas partidas aos cites encurtar ligeiramente o caminho, sendo depois reservado após a ferragem. Pese embora a vontade, Salvador acusou a carências de montadas, consentiu toques e passagens em falso e pouco há para memória futura. Ainda assim, música e volta lhe foram concedidas.

    O cavaleiro Rui Fernandes assentou actuação num toureio vistoso, com predisposição e entrega em praça. Pela frente, uma rês com mais transmissão que a anterior mas que veio a menos com o decorrer da lide, reservando-se nas reuniões. Fernandes embalou o público com as lambadas a que a montada se permite, aguentando a investida da rês, para depois entrar em terrenos de compromisso, cravando os ferros com ligeiras batidas e das quais nem sempre resultaram reuniões ajustadas. 

    A João Moura Caetano tocou o mais pesado do lote. Um animal que raspou muito e que inicialmente se mostrou custoso de fixar. O cavaleiro fez-se ver nos terrenos onde o toiro quis e não o contrário, mexendo-o pouco. Deixou a ferragem insistindo em dar primazia às investidas perante uma rês pronta e com uma actuação que chegou facilmente às bancadas.

    Manuel Telles Bastos teve passagem digna por Lisboa. Iniciou função arriscando numa sorte gaiola para depois, e perante um toiro cómodo mas de menor mobilidade, se revelar num registo clássico, procurando sortes frontais e em que a carência de movimentos bruscos e alaridos, contrastante com a dos alternantes, tardou em aquecer as bancadas. 

    Moralizado andou João Moura Jr., que logrou a mais consistente actuação da noite, tendo com o Xeque-Mate posto a praça em polvorosa. A colocação da ferragem pareceu fotocópia impressa umas das outras, com cites de praça a praça, a lograr ferros de boa nota. Mas foram as piruetas ajustadas na cara do toiro, um animal nobre e voluntarioso, que arrebataram o público. 

    No mínimo, dez anos de diferença separavam a alternativa de Luís Rouxinol Jr. da dos restantes alternantes naquela noite. Mas poucos ou nenhuns quilates o separam em nível de garra e toureio. Teve pela frente um toiro com outra música para tocar, tardo nas reuniões, a apertar na perseguição. Mas o Júnior esteve à altura do desafio. A actuação foi em crescendo e com o Amoroso voltou a revelar o sentido e noção de lide de que é detentor. Rematou com um ferro de palmo em sorte violino, colocado em terrenos de dentro que fez vibrar as bancadas.

    Enormes estiveram os dois grupos em praça, Amadores de Évora e Vila Franca, com bons desempenhos por ambas as fardações.

    Gonçalo Pires abriu funções pelo Grupo de Évora, com o seu toiro a arrancar-se com muita pata, e a concretizar muito bem à primeira. O cabo, João Pedro Oliveira, efectivou à segunda tentativa, uma pega rija. E Manuel Rovisco também à primeira, consumou uma grande pega, onde mais uma vez foram eficazes os ajudas.

    Pelos de Vila Franca, Vasco Pereira consumou à primeira, reunindo à córnea depois do toiro se ter feito tardo a investir. Francisco Faria aguentou bem a investida do toiro, que depois da reunião lhe levou baixa a cara mas efectivou bem à primeira. E Rui Godinho, que viu o toiro derrotar muito, tendo consumado à segunda, com o grupo coeso a efectivar.

    Dirigiu a corrida com benevolência e facilidade na concessão de música, o Sr. Rogério Jóia, assessorado pelo veterinário, Jorge Moreira da Silva. Entendeu ainda o inteligente, atribuir volta ao ganadero Diogo Passanha, no terceiro e quinto toiro.

    Terminou em grande a temporada dos 125 anos da Praça de Toiros do Campo Pequeno, numa noite em que se sentiu competição por parte dos intervenientes, com cada um a querer brilhar no seu estilo, e onde com isso só ganhou a Festa.

    Para o ano há mais...




    Por: Patrícia Sardinha