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    João d'Alva: "Sem exigência sobre ti próprio nunca conseguirás alcançar triunfos"


    Tem na genética e de herança, o gosto e o amor aos toiros. Detentor de um porte que tudo apela a que seja figura do toureio, jovem de boas maneiras e detalhes em praça, João d'Alva ainda agora começou e já muito tem dado que falar.

    Enquanto aluno da Escola de Toureio José Falcão, João d'Alva tem participado em imensas novilhadas e certames, muitas vezes destacando-se e inclusive vencendo os prémios em disputa, como o do Certame das Escolas de Toureio da Comunidade de Madrid em Setembro de 2016, ou o troféu "Vítor Mendes" que conquistou no passado mês em Vila Franca.

    Em vésperas de iniciar uma agenda cheia, entre Portugal, Espanha e França, o que é de louvar nos tempos que correm para um novilheiro português, o NATURALES conversou com o jovem toureiro sobre o seu curto mas prometedor percurso e quais as suas ambições.

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    NATURALES: O João é ribatejano, nasceu praticamente integrado no meio ou não fosse familiar de importantes campinos e de maiorais de renome... Além disso, tem também um irmão que é peão de brega… É inegável dizer que o ‘bichinho’ já nasceu consigo?
    João d'Alva: Sim, é verdade. Posso dizer que sou um privilegiado e até um sortudo por ter nascido num meio tão bonito como este. O meio onde nasces é muito importante para o miúdo que és e o homem que serás. A maior parte dos miúdos da minha idade não têm nem metade da sorte que tenho, é um gosto poder pertencer a este magnífico mundo e adorá-lo como adoro.

    NATURALES: Mas é curioso a afición ter-lhe despertado o interesse por outro sector, diferente do das suas referências…
    João d'Alva: Enquanto alguns familiares meus foram campinos, peões de brega e picador, a mim foi o toureio a  pé que sempre me despertou mais interesse! São coisas que não se conseguem explicar...

    NATURALES: E quando foi que descobriu que era o toureio a sua paixão e se deu o ‘passo’ mais importante até aqui, a entrada na Escola de Toureio "José Falcão"?
    João d'Alva: Sempre estive muito ligado ao mundo dos toiros, nasci nesse meio e com 8 anos assisti ao meu primeiro tentadero. Foi um dia espectacular que jamais esquecerei! Depois fui para uma Escola de Toureio até aos 15 anos, até que se deu um passo importante na minha vida que foi entrar na Escola de Toureio José Falcão em Outubro de 2015. De inicio foi muito difícil, devido à mudança de escola e aos novos hábitos mas fui muito bem recebido por todos os intervenientes da escola, aficionados e gentes de Vila Franca de Xira... A aí tudo muda, até passar a dar mais importância ao facto de querer ser toureiro.

    NATURALES: Actualmente é o aluno mais destacado da Escola José Falcão. Tem participado, e com sucesso, em vários certames e novilhadas, vencendo a maioria, e goza já de algum ‘crédito’ no que diz respeito ao escalafón de amadores. A escola, para além de ensinar, deve também transmitir valores, e isso, nota-se que o João tem… 
    João d'Alva: Isso de ser muito destacando e mais avançado etc etc, não quero pensar muito nisso porque acho que não é isso que importa neste momento, tenho todo o gosto de estar a representar uma escola como esta além fronteiras e em Portugal mas eu quero dar a cara todos os dias, treinar todos os dias e ir para a praça tourear como se fosse a última vez, tenho muito a agradecer à Escola José Falcão pelas oportunidades espero agarrar cada tarde com unhas e dentes e não desiludir os aficionados que acreditam em mim. Ao Maestro Vítor Mendes também tenho a agradecer muito devido a toda a paciência para com os alunos.

    NATURALES: A Escola também lhe tem protagonizado idas a Espanha... Já toureou em várias praças importantes, ganhou um certame reconhecido como o da Comunidade de Madrid, e este ano toureará em Valência (praça de 1ª) e na Feira de Salamanca… É importante arrear e triunfar forte lá, para chegar maduro e toureado aqui? Se tiver cartel e aceitação em Espanha, por cá, o reconhecimento será mais fácil… 
    João d'Alva: Sinto-me muito grato pela aposta que a escola tem tido para comigo não só apostando em mim em Portugal mas também Espanha e França. O ano passado ao tourear no Certame da Comunidade de Madrid senti que tinha mesmo de representar o meu País e foi por isso que toureei como melhor me sentia, e apesar de não ter sido o triunfo desejado, foi muito importante esta participação. Este ano tenho uma enorme responsabilidade porque irei tourear em grandes feiras e praças... Serão grandes experiências na minha curta carreira de novilheiro, e “arrear” será o objectivo em todas as praças que pise!

    NATURALES: Como é a preparação de um jovem adolescente que vive em prol da tauromaquia e dela quer fazer vida? É fácil conciliar tudo e estar sempre com a máxima força e ambição? 
    João d'Alva: Nós toureiros necessitamos de elevada preparação física para estar diante dos novilhos ou toiros e por isso a exigência, e também a alimentação, é cuidada. Mas é o nosso sonho e por ele se faz tudo, pelo menos falo por mim. Nem sempre é fácil conciliar tudo mas depois pensa-se no toureio e faz-se tudo em prol deste, apesar de todas as dificuldades que possamos ter. Mas quando se gosta não existe a palavra sacrifício nem dificuldades.

    NATURALES: Por cá falta-nos a puya, para além da sorte de matar… Mas também nos falta afición e mérito aqueles que jogam a vida, quando para além disso, também faltam os contratos. No início desta sua etapa pensou nisso? 
    João d'Alva: Por cá tudo é diferente mas se formos ler a História da Tauromaquia, sempre existiram corridas mistas e sempre se deu muito valor às corridas vestidas a ouro... No entanto, tudo se foi perdendo não sei porquê mas temos que ter a esperança que tudo volte para cima. Acho que acima de tudo, temos que respeitar o mundo taurino, que não é um local para brincadeiras.

    NATURALES: O João vai mantendo o interesse naqueles que ainda conservam alguma esperança pelo toureio a pé em Portugal… Consegue definir-se como toureiro? 
    João d'Alva: Ainda não me consigo definir como toureiro mas consigo como aficionado, e é a minha exigência de aficionado que me faz trabalhar todos os dias e tourear para o triunfo em cada praça, porque sem essa exigência sobre ti próprio nunca consegues alcançar os triunfos.



    NATURALES: Para além dos seus professores, que certamente serão referências, em que outros toureiros se inspira e procura basear o seu conceito? 
    João d'Alva: Eu tiro muito do maestro Vítor Mendes mas actualmente, tento também tirar dos conceitos dos matadores El Juli, José Tomas, Miguel Angel Perera e de Andrés Roca Rey.

    NATURALES: Continuando o tema em conceito e bases do toureio, hoje em dia fala-se muito em ‘toiros comerciais’ e toureiros mais tecnicistas e menos artistas, e ganadarias ‘toristas’ que por norma tocam sempre aos menos contratados. Que visão tem o João da tauromaquia actual? 
    João d'Alva: A Tauromaquia está a evoluir, a meu ver porque voltaram as corridas mistas. O toureio a pé voltou a crescer e está no bom caminho. Não sinto que o toiro mau saia sempre aos menos contratados, porque por exemplo, a nós novilheiros que precisamos, têm saído novilhadas muito boas e por isso acho que tudo está a evoluir, desde as ganadarias, passando pelas empresas, pelos toureiros e sobretudo está-se a obter resposta por parte do público.

    NATURALES: Acha que em Portugal vivemos o momento de ‘revitalização’ e ‘sucesso’ de que tanto se fala? 
    João d'Alva: Na minha opinião, nunca podemos perder a esperança de nada sobretudo no mundo dos toiros, que é um local de onde saem as pinceladas mais artísticas. E acredito que pouco a pouco as coisas vão mudando a trajectória.

    NATURALES: João, destaque um momento da sua curta carreira… 
    João d'Alva: Eu destaco todos os momentos da minha carreira... Devido a esta ainda ser curta ,tenho marcados todos os momentos como toureiro.

    NATURALES: Sabemos que é impossível (embora a esperança seja a última a morrer), mas se pudesse tirar a alternativa em Portugal, em que praça seria e com que outros matadores partilharia cartel? E com que ganadaria? 
    João d'Alva: Um dos cartéis da minha alternativa de sonho seria com Miguel Angel Perera, Roca Rey e eu! Toiros de Vitoriano del Rio, e quanto à praça seria uma decisão muito complicada de se tomar... Na minha terra existem duas praças próximas que adoro, a do Montijo e a de Alcochete, mas depois tenho também a de Vila Franca de Xira, pela qual tenho um grande carinho pelo seu público.

    NATURALES: Para breve Valência, Salamanca, algumas novilhadas em Portugal… falta-lhe o Campo Pequeno. Há vontade e sente que está no momento indicado para enfrentar um repto como o da primeira praça do País? 
    João d'Alva: É óbvio que eu, sendo português, sonho pisar a Praça de Toiros do Campo Pequeno, quem disser o contrário estará a mentir certamente. Mas neste momento não estou muito focado a pensar nesse tipo de coisas. Um passo de cada vez! Agora virá Valência e é aí que está todo o foco, depois veremos as oportunidades que surgem. Mas quem sabe um dia destes . . .

    NATURALES: Sorte e que mantenha o sucesso e determinação no seu percurso, principalmente com a mesma humildade que tem demonstrando...
    João d'Alva: Muito obrigado! Foi um enorme prazer dar esta entrevista.