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    Corrida Mista em Vila Franca: "Um diamante em bruto mas é português..."


    Todo aquele que se põe diante de um toiro merece o nosso maior respeito. Principalmente aqueles que, tendo passado pela dureza de uma colhida, saibam ter valor suficiente para voltar a meter-se na cara do toiro.

    Contudo há sempre quem pela desgraça caia em graça e outros não passem…de ‘engraçados’.

    António João Ferreira não há meio de cair na graça dos taurinos deste país, ou melhor dizendo, dos taurinos de todo o Mundo. 

    Mal-empregado toureio que carrega dentro e a quem é dada a oportunidade de uma vez ao ano se mostrar nas nossas praças. 

    Mas tendo em conta que nos últimos tempos muito se tem apregoado que o toureio a pé em Portugal está vivo, quero então acreditar que na próxima temporada assim se mantenha tamanha alegria em redor da arte de montes, e que possam os nossos toureiros fazer parte desse ‘fôlego’ que o toureio a pé ganhou ‘dado’...pelos espanhóis.

    Argumentos não faltam a António João Ferreira para que possa ombrear com Figuras do país vizinho, porque aquilo que se pretende do toureio, tem ele de sobra.

    Como dizia alguém no final do espectáculo: “Portugal tem um diamante em bruto no toureio…e dão-lhe uma oportunidade?!”.

    Em Vila Franca, onde se fez toureiro, abriram-lhe uma vez mais as portas da Palha Blanco, depois de também no ano passado, e por esta ocasião, o terem feito. E em boa hora o fizeram. É que Tójó, esteve enorme!

    A praça contou apenas com cerca de meia casa e do espectáculo misto, foi do toureio a pé o triunfo maior, pena que ali não houvesse Porta Grande…e António João Ferreira seja português.

    Frente ao primeiro ‘Falé Filipe’ do seu lote, António João Ferreira foi autor de importante e séria faena. Como se toureasse todos os dias nas maiores praças do Mundo. Elegante de capote e poderoso de muleta, o matador português sacou fortes olés das bancadas, protagonizando um toureio de pés fixos, cruzado com o toiro, de mão baixa e tandas largas e perfumadas. O toiro ainda que nem sempre com investida certa, foi enraçado e transmitiu.

    Voltou a ser senhor de uma calma e de uma suavidade no capote frente ao último da tarde. Outro enraçado mas exigente, distraído e que pecava por se defender, colocando alta a cara ao passar a flanela. António João dominou…e nem a voltareta o fez desanimar. Vila Franca tem um toureiro e Portugal não lhe pode fazer vista grossa!!

    E por detrás de um grande toureiro, há sempre uma grande quadrilha. Nas bandarilhas, Pedro Paulino, Joaquim Oliveira e João Ferreira foram exímios protagonistas da arte de bandarilhar, sendo que o segundo destacou-se ainda na brega.

    António João Ferreira brindou a sua primeira actuação, tal como todos os outros intervenientes, ao Maestro José Júlio, homenageado no intervalo desta corrida. Um gesto por parte de quem, tendo sido aluno da Escola de Toureio “José Falcão”, através dele ganhou os primeiros ensinamentos. Um reconhecimento retribuído depois pelo Maestro, que com o jovem toureiro, se fez acompanhar numa sentida e emotiva volta à arena.

    Mais insonsa resultou a parte equestre, muito em parte pela escassa transmissão e comportamento das reses da ganadaria Passanha.

    Luís Rouxinol abriu turno com um toureio de ligação e mando frente a um toiro reservado, sendo correcto na brega e na colocação da rês nos terrenos devidos. Uma actuação sóbria a primeira de Rouxinol e onde nem sempre correspondeu a rês, com curta perseguição aos ladeios do Douro. No que foi segundo do seu lote, deixou-se apanhar com violência contra as tábuas após dois compridos de boa execução. Nos curtos, e com a Viajante, insistiu em aguentar e dar vantagens a um toiro tardo de investida e que pedia que lhe pisassem os terrenos. Destaca-se o segundo e terceiro curto. Fechou ofício com um palmito e o par de bandarilhas. 

    Filipe Gonçalves teve em Vila Franca duas actuações muito similares de argumentos. Frente ao primeiro, consentiu alguns toques na montada e assentou função nas sortes com batidas, sempre vibrantes nas bancadas, sendo ajustado o terceiro da ordem. O ‘Passanha’ que foi segundo do seu lote, manso, sem perseguir, teve pela frente um toureiro empenhado, e novamente por intermédio das batidas ao pitón contrário mas com a ferragem nem sempre a resultar cingida. Mais eficiente, andou com o Gucci e com abordagens mais rectas. No final, houve espaço para um ‘quid pro quo’. Entre o cavaleiro trocar de montada e o director indicar que, afinal, tinha terminado o tempo de lide… Fica a dúvida. 

    Nas pegas, e pelos Amadores de Vila Franca, pegou Francisco Faria que pegou à córnea e à primeira; e David Moreira numa pega rija também à primeira. Pelos Amadores de Coruche, Paulo Oliveira consumou muito bem à primeira; e João Mesquita à segunda e a aguentar fortes derrotes.

    Lidaram-se reses da ganadaria Passanha para a parte equestre, maiores os dois primeiros, mais reservados os da segunda parte. E dois toiros de Falé Filipe para o toureio a pé e que saíram com mais transmissão. 

    Dirigiu a corrida o sr. Rogério Jóia, assessorado por Jorge Moreira da Silva, numa corrida abrilhantada pelo Ateneu Artístico Vilafranquense.








    Por: Patrícia Sardinha