Campo Pequeno: A Análise de Joaquim Grave aos Toiros que serão lidados dia 25
Quando sair à arena o sexto e
último toiro da “LII Corrida da RTP”, a realizar no Campo Pequeno, no dia 25 de
Agosto, a ganadaria Murteira Grave terá lidado nesta praça 250 toiros.
Os toiros enviados para esta
corrida, pelo ganadero Joaquim Murteira Grave, com uma variedade de pelagens
extremamente sugestiva, têm como denominador comum um “trapío” impressionante e
irrepreensível. São eles o “Gaturro” (2), “Esquilero” (6), “Montecristo” (20),
“Cigarrero” (26), “Inquieto” (35) e o “Parasita” (67).
“O ‘Gaturro’, negro, bragado,
listão, é um toiro que me toca particularmente, pelo seu tipo”, diz-nos o
Joaquim Grave que destaca nas características morfológicas deste toiro, o facto
de ser “baixo, de cornos acapachados, onde é visível a sua ascendência ‘Gamero
Cívico’. Tem uma apresentação soberba. Um tipo de toiro que me habituei a ver
cá em casa desde menino. Foi um toiro muito calmo até há cerca de um mês,
altura em que arranjou aí uma espécie de contencioso com o número 20 e, desde
então, ando sempre em sobressalto a ver se duram dos dois até Lisboa….”
O “Esquilero” é um toiro
castanho-escuro quase albardado, bisco do corno direito e “zurdo”. “É bisneto
da ‘Saltarilla’, uma das vacas da ganadaria Grave mais pontuadas de sempre e
filho da ‘Esquilera’. Foi sempre um animal tranquilo que nunca se meteu em
brigas, o que para mim é um sinal de bravura. Para ser um animal totalmente
perfeito, só lhe acrescentaria algumas sedas mais na cauda,” refere o ganadero.
O “Montecristo” é um toiro preto,
bragado corrido, axiblanco e lavado por detrás. Bem armado de córnea é
levemente “tocado” e quase “cornidelantero”. Para Joaquim Murteira Grave,
trata-se de “um toiro fino” para o qual prevê uma investida “um pouco
rebrincada, de grande mobilidade e que pode proporcionar uma lide
espectacular”. É um toiro descendente de um toiro Coimbra que seu pai, Joaquim
Grave, fundador da ganadaria, “comprou a José Luis Sommer d’Andrade e que
sempre ligou muito bem dentro da nossa ganadaria”.
A pelagem do “Cigarrero”, um
“burraco”, como que “faz as delícias de Joaquim Murteira Grave. “Pela pelagem é
um dos meus preferidos” diz, destacando outras características morfológicas do
seu gosto: “cara comprida, ‘estrecho de sienes’, córnea de grande simetria e, embora
seja um bocadinho alto, tenho de reconhecer que está dentro dos parâmetros da
sua linha genética”. Acrescenta que se trata de um toiro “avesso a brigas no
campo, que teve dois irmãos mansos mas, em contrapartida, tem quatro irmãs
aprovadas em tenta”.
O “Inquieto”, um ensabanado
salpicado de negro e capirote, “tocado” e aberto de cara é, no entender de
Joaquim Murteira Grave, “um toiro com aspecto do século XIX, muito comprido e
baixo como eu gosto de os ver. A sua mãe, quando foi tentada, teve nota máxima
em trapío e é uma das mais bonitas da vacada”. A sua expectativa quanto ao
comportamento deste toiro em praça é grande pois “com a mistura de sangues que
este animal tem, se cada um deles lhe der a sua melhor qualidade, então teremos
um grande toiro, um toiro de grande mobilidade.”
O “Parasita” é salgado, bragado
corrido, “um toiro grande, para ultrapassar à vontade os 600 quilos e que tem
um comportamento muito curioso. É grande amigo do 20 (“Montecristo”), sempre
que o 2 (“Gaturro”) o ataca, lá está para o defender. É um toiro muito sério
que assusta só pelo volume,” diz o ganadero sobre este toiro que considera bem
armado de córnea e que procede de uma linha genética “que não é de meias
tintas: é muito agressivo, mas de uma agressividade templada.”
Fundada em 1958, esta ganadaria
pasta na Herdade da Galeana e é uma das ganadarias portuguesas mais respeitadas
nacional e internacionalmente, com prémios obtidos nas principais praças de
Espanha e França, designadamente em Madrid, a praça onde lidou mais toiros:
336, seguida de Évora (335).
O seu efectivo é de 180 vacas de
ventre e 14 sementais (entre “efectivos” e “reservistas”).
Para lidar e pegar este imponente
curro estarão em praça os cavaleiros António Ribeiro Telles, Luis Rouxinol e
Marcos Bastinhas e os forcados amadores de Santarém e do Aposento da Moita,
capitaneados respectivamente por João Grave e José Maria Bettencourt que se
estreiam no Campo Pequeno na chefia dos seus grupos.